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Assis Teixeira
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O OSPFv3 (Open Shortest Path First, versão 3) é um protocolo de roteamento de Link-State amplamente utilizado em redes modernas, especialmente em ambientes IPv6. Projetado como um evolução do OSPFv2, ele traz diversas melhorias que o tornam mais robusto, flexível e adequado às demandas de redes atuais. Este artigo explora as diferenças fundamentais entre o OSPFv2 e o OSPFv3, destacando suas novas funcionalidades e vantagens.
 

Por que OSPFv3?

Com o crescimento do IPv6 e a necessidade de maior escalabilidade em redes corporativas, o OSPFv3 foi introduzido para oferecer suporte aprimorado ao roteamento em redes IPv6. Além disso, ele incorpora recursos que simplificam a operação e aumentam a eficiência em ambientes mistos (IPv4 e IPv6). Abaixo, principais características e melhorias.

  • Suporte a Múltiplas Address Families

O OSPFv3 suporta tanto IPv4 quanto IPv6, permitindo maior flexibilidade para diversas implementações de rede. Isso torna o protocolo ideal para ambientes de transição entre IPv4 e IPv6.

  • Novos Tipos de LSA

O OSPFv3 introduziu novos tipos de LSAs para lidar com prefixos IPv6, separando informações de interface e prefixos. Além disso, alguns LSAs existentes foram renomeados ou ajustados:

LSAs Renomeados:

  • Tipo 3: Renomeado como Interarea Prefix LSA for ABRs.
    • Similar ao OSPFv2, este LSA anuncia as redes internas de uma área para outra e é gerado por um ABR (roteador de borda de área).
      AssisTeixeira_0-1736087313910.png

       

  • Tipo 4: Renomeado como Interarea Prefix LSA for ASBRs.
    • Anuncia informações sobre como alcançar um ASBR (Autonomous System Boundary Router) para roteadores em áreas diferentes.
      AssisTeixeira_1-1736087760483.png 

Novos LSAs:

  • Tipo 8: Link LSA
    • Existe apenas em links locais, anunciando endereços link-local e informações sobre endereços IPv6 associados ao link.
  • Tipo 9: Intra-Area Prefix LSA
    • Envia informações sobre redes IPv6 conectadas a um roteador ou segmentos de trânsito dentro de uma área.
  • Remoção das Semânticas de Endereçamento

No OSPFv3, as informações de prefixo IP foram removidas dos cabeçalhos dos pacotes OSPF e agora são transportadas como Payload nos LSAs. Isso torna o protocolo independente da Address Family, como o IS-IS, e utiliza o termo link em vez de rede.

  • Flooding de LSAs

O OSPFv3 introduz um novo campo chamado link-state type, que define o escopo de flooding dos LSAs e gerencia LSAs desconhecidos de forma eficiente.

  • Formato dos Pacotes

O OSPFv3 opera diretamente sobre o IPv6, reduzindo o número de campos no cabeçalho dos pacotes e simplificando a operação.

  • Router ID (RID)

O Router ID identifica vizinhos no OSPFv3, independentemente do tipo de rede. Deve ser configurado manualmente no processo de roteamento, especialmente em ambientes sem interfaces IPv4 configuradas.

  • Autenticação

A autenticação entre vizinhos foi removida do protocolo e agora é realizada por meio de cabeçalhos de extensão IPsec nos pacotes IPv6.

  • Adjacências entre Vizinhos
    • A comunicação entre roteadores utiliza endereços link-local do IPv6.
    • Em interfaces NBMA (non-broadcast multiple access), os vizinhos devem ser configurados manualmente com endereços link-local.
    • OSPFv3 permite adjacências mesmo sem uma sub-rede comum entre os roteadores.
  • Suporte a Múltiplas Instâncias

Pacotes OSPFv3 possuem um campo instance ID, que permite controlar quais roteadores em um segmento podem formar adjacências.

  • Cálculo do Dijkstra no OSPFv3

O algoritmo de menor caminho (Shortest Path Tree - SPT) utiliza apenas os Router LSAs e Network LSAs, reduzindo a necessidade de recalcular a árvore completa quando novos prefixos são adicionados ou alterados.

  • Topologia Baseada em Links

O LSDB (Link-State Database) do OSPFv3 cria uma topologia baseada em links, em vez de redes, o que melhora a escalabilidade e a eficiência, especialmente em redes IPv6.

Exemplos Práticos e Cenários de Uso

  • Transição IPv4 para IPv6: Utilize o OSPFv3 para gerenciar redes mistas sem complexidade adicional.
  • Ambientes NBMA: Configure adjacências manualmente para garantir conectividade em redes com links virtuais.

Leitura Complementar

  • RFC 5340: OSPF for IPv6
  • Documentação oficial da Cisco sobre OSPFv3
  • Fonte
    • Livro CCNP Routing and Switching ROUTE 300-101 (Kevin Wallace)
    • Livro CCNP and CCIE Enterprise Core, 2nd Edition

 

No próximo segmento, vamos configurar um laboratório simples para demonstrar na prática como implementar o OSPFv3 em um ambiente de rede. Certifique-se de ter um simulador ou ambiente EVE-NG pronto para acompanhar a prática.

O processo de configuração do OSPFv3 envolve as seguintes etapas:

Passo 1:

Inicializar o processo de roteamento: Como pré-requisito, o comando ipv6 unicast-routing deve ser habilitado no roteador. Em seguida, o processo OSPFv3 é configurado com o comando router ospfv3 [process-id], que nesse caso será 1.

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Passo 2:

Definir o router ID: O comando router-id [router-id], atribui um ID único ao processo OSPF. O router ID é um valor de 32 bits que não precisa coincidir com um endereço IPv4. Pode ser qualquer número no formato de endereço IPv4 (No nosso exemplo, será: 1.1.1.1), desde que o valor seja único dentro do domínio OSPF.

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OBS OSPFv3 utiliza o mesmo algoritmo do OSPFv2 para localizar dinamicamente o RID. Se não houver interfaces IPv4 disponíveis, o RID será definido como 0.0.0.0 e as adjacências não poderão ser formadas.

 

Passo 3:

Habilitar o OSPFv3 em uma interface: O comando ospfv3 process-id ipv6 area area-id ativa o protocolo e atribui a interface a uma área. Exemplo de configuração na interface G0/1.

OBS: Deve habilitar o IPv6 na interface.

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A figura exibe uma topologia simples com quatro roteadores para demonstrar a configuração do OSPFv3.

A Área 0 é composta pelos roteadores R1, R2 e R3, enquanto a Área 10 contém os roteadores R3 e R4. O R3 é o ABR (Autonomous System Boundary Router).

 
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Segue as configurações OSPFv3 e de endereçamento IPv6 para os roteadores R1, R2, R3 e R4. O endereçamento link-local IPv6 foi configurado de forma que todas as interfaces dos roteadores reflitam seus números locais (Exemplo, as interfaces do R1 estão configuradas para FF80::1), além do endereçamento IPv6 tradicional. O endereçamento link-local foi configurado estaticamente para auxiliar na saída de verificações. A configuração do OSPFv3 é destacada neste exemplo:

R1:

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R2:

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R3:
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R4:

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Verificação do OSPFv3
Os comandos para visualizar as configurações e status do OSPFv3 são semelhantes aos usados no OSPFv2; eles basicamente substituem o ip ospf por ospfv3 ipv6. Para dar suporte ao OSPFv3, é necessário verificar as interfaces OSPFv3, a vizinhança e a tabela de roteamento.

Exemplo, para visualizar a adjacência no OSPFv3, utiliza-se o comando show ospfv3 ipv6 neighbor. A figura mostra esse comando sendo executado no roteador R3.

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A próxima figura mostra o status da interface G0/2 do R1, com OSPFv3 habilitado, usando o comando show ospfv3 interface g0/2. Observe que a semântica de endereços foi removida em comparação ao OSPFv2. A interface é mapeada para o valor do ID da interface 4, em vez de um valor de endereço IP, como no OSPFv2. Além disso, algumas informações úteis sobre a topologia descrevem o link. O roteador local é o DR (1.1.1.1), e o roteador vizinho adjacente é o BDR (2.2.2.2).

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Outro comando de verificação de interface OSPFv3 pode ser visualizada com o comando show ospfv3 interface brief. A saída exibe o Process ID associado, a área, a família de endereços (IPv4 ou IPv6), o estado da interface e a contagem de vizinhos. Exemplo mostra o comando no ABR R3. Observe que algumas interfaces estão na Área 0, enquanto outras na Área 10.

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A tabela de roteamento Ipv6 do OSPFv3 pode ser visualizada com o comando show ipv6 route ospf.O exemplo demonstra a execução desse comando no R1. O endereço de encaminhamento para as rotas é o endereço link-local do roteador vizinho.
 
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Conclusão

O OSPFv3 representa uma evolução significativa em relação ao OSPFv2, oferecendo maior modularidade, suporte a IPv6 e eficiência em redes complexas. Sua capacidade de operar em ambientes mistos e sua independência de Address Family o tornam uma escolha ideal para arquiteturas de rede modernas. 

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