cancelar
Mostrar resultados para 
Pesquisar em vez de 
Queria dizer: 
cancel
144
Apresentações
2
Útil
6
Comentários
Assis Teixeira
Spotlight
Spotlight

Introdução ao IP SLA

IP SLA (IP Service Level Agreements) é uma tecnologia da Cisco que permite medir a performance da rede em tempo real. Com ela, é possível monitorar métricas como:

  • Latência (atraso de ida e volta)
  • Jitter (variação de atraso)
  • Perda de pacotes
  • Disponibilidade de caminho
  • Conectividade de aplicações específicas (HTTP, FTP, DNS, etc.)

Ela é amplamente usada para validar SLAs (Service Level Agreements) em links WAN, verificar qualidade de serviço (QoS), e tomar decisões de roteamento com base em desempenho (por exemplo, com tracking e rotas flutuantes).

Como funciona?

O IP SLA simula o tráfego de aplicações reais e envia pacotes de teste entre um roteador originador (source) e um destino (target). O roteador monitora a resposta e coleta estatísticas para análise.

Para melhor entendimento, tenho 3 exemplos de laboratório para configuração do IP SLA.

Laboratório 1 – Monitoramento de Redundância com ICMP Echo

AssisTeixeira_0-1746967681828.png

O roteador Matriz possui conexões redundantes com o ServerWeb configuradas com rotas estáticas para cada caminho. Nesta fase inicial do projeto, a gerência gostaria que você usasse o recurso de IP SLA configurando duas sondas, uma originada de cada interface do roteador Matriz.

  • Tarefa 1: Configurar as operações de IP SLA exigidas pelo gerenciamento usando uma sonda de ICMP Echo com frequência de 5 segundos.
  • Tarefa 2: Verificar a configuração do IP SLA e se cada uma das sondas está funcionando usando os comandos show apropriados.
  • Tarefa 3: Simular falha de WAN na interface Matriz G0/0 e verificar se a sonda registra as tentativas malsucedidas de acesso ao ServerWeb através do ISP-1.

Primeiro, vamos verificar as rotas para os dois Links Wan.

MATRIZ# show ip route

Gateway of last resort is not set

      10.0.0.0/8 is variably subnetted, 4 subnets, 2 masks
C        10.3.1.0/30 is directly connected, GigabitEthernet0/0
L        10.3.1.2/32 is directly connected, GigabitEthernet0/0
C        10.3.1.4/30 is directly connected, GigabitEthernet0/1
L        10.3.1.6/32 is directly connected, GigabitEthernet0/1
S     192.168.1.0/24 [1/0] via 10.3.1.5
                     [1/0] via 10.3.1.1


O destino ServerWeb é alcançado com sucesso.

MATRIZ# ping 192.168.1.100
Type escape sequence to abort.
Sending 5, 100-byte ICMP Echos to 192.168.1.100, timeout is 2 seconds:
!!!!!
Success rate is 100 percent (5/5), round-trip min/avg/max = 4/4/5 ms

 

Configuração do IP SLA:

MATRIZ# conf t
MATRIZ(config)#ip sla 1
MATRIZ(config-ip-sla)#icmp-echo 10.3.1.1 source-interface g0/0
MATRIZ(config-ip-sla-echo)#frequency 5
MATRIZ(config-ip-sla-echo)#exit
MATRIZ(config)#ip sla schedule 1 start-time now life Forever

 

MATRIZ(config)#ip sla 2
MATRIZ(config-ip-sla)#icmp-echo 10.3.1.5 source-interface g0/1
MATRIZ(config-ip-sla-echo)#frequency 5
MATRIZ(config-ip-sla-echo)#exit
MATRIZ(config)#ip sla schedule 2 start-time now life forever

 

As sondas testam o acesso via ambas as interfaces. O comando frequency define a periodicidade da checagem (em segundos).

Verificação:

MATRIZ# show ip sla configuration
IP SLAs Infrastructure Engine-III
Entry number: 1
Owner:
Tag:
Operation timeout (milliseconds): 5000
Type of operation to perform: icmp-echo
Target address/Source interface: 10.3.1.1/GigabitEthernet0/0
Type Of Service parameter: 0x0
Request size (ARR data portion): 28
Data pattern: 0xABCDABCD
Verify data: No
Vrf Name:
Schedule:
   Operation frequency (seconds): 5  (not considered if randomly scheduled)
   Next Scheduled Start Time: Start Time already passed
   Group Scheduled : FALSE
   Randomly Scheduled : FALSE
   Life (seconds): Forever
   Entry Ageout (seconds): never
   Recurring (Starting Everyday): FALSE
   Status of entry (SNMP RowStatus): Active
Threshold (milliseconds): 5000
Distribution Statistics:
   Number of statistic hours kept: 2
   Number of statistic distribution buckets kept: 1
   Statistic distribution interval (milliseconds): 20
Enhanced History:
History Statistics:
   Number of history Lives kept: 0
   Number of history Buckets kept: 15
   History Filter Type: None

 

MATRIZ# show ip sla statistics 1
IPSLAs Latest Operation Statistics

IPSLA operation id: 1
        Latest RTT: 1 milliseconds
Latest operation start time: 18:27:30 UTC Sat May 10 2025
Latest operation return code: OK
Number of successes: 117
Number of failures: 0
Operation time to live: Forever

 

No link para o ISP-1, simulamos uma falha, desligando a interface.

MATRIZ# conf t
MATRIZ(config)#interface g0/0
MATRIZ(config-if)#shutdown

 

MATRIZ(config-if)#do show ip sla statistics 1
IPSLAs Latest Operation Statistics

IPSLA operation id: 1
        Latest RTT: NoConnection/Busy/Timeout
Latest operation start time: 18:30:54 UTC Sat May 10 2025
Latest operation return code: Timeout
Number of successes: 138
Number of failures: 33
Operation time to live: Forever

 

A saída do comando show ip sla statistics 1 mostra falhas. Com isso, conseguimos validar a detecção de falhas em tempo real.

 

Laboratório 2 – Monitoramento de Aplicação HTTP com IP SLA

A gerência está satisfeita com seu esforço em usar o IP SLA para validar a conectividade WAN com o ServerWeb. Como uma segunda fase, eles gostariam que você usasse o recurso IP SLA para testar o acesso HTTP diretamente ao servidor.

  • Tarefa 1: Criar uma sonda HTTP com frequência de 60 segundos.
  • Tarefa 2: Verificar a configuração do IP SLA e se cada uma das sondas está funcionando usando os comandos show apropriados.

Verificando novamente acesso ao destino.

MATRIZ# ping 192.168.1.100
Type escape sequence to abort.
Sending 5, 100-byte ICMP Echos to 192.168.1.100, timeout is 2 seconds:
!!!!!
Success rate is 100 percent (5/5), round-trip min/avg/max = 2/2/3 ms

 

Este teste acessa a URL diretamente para simular o comportamento de um cliente HTTP real.

MATRIZ#conf t
MATRIZ(config)#ip sla 100
MATRIZ(config-ip-sla)#http get http://192.168.1.100
MATRIZ(config-ip-sla-http)#frequency 60
MATRIZ(config-ip-sla-http)#exit
MATRIZ(config)#
MATRIZ(config)#ip sla schedule 100 start-time now life forever

 

Verificação:

MATRIZ#show ip sla configuration
IP SLAs Infrastructure Engine-III
Entry number: 100
Type of operation to perform: http
Target address/Source address: 192.168.1.100/0.0.0.0
Target port/Source port: 80/0
Type Of Service parameters: 0x0
Vrf Name:
HTTP Operation: get
HTTP Server Version: 1.0
URL: http://192.168.1.100
Proxy:
Raw String(s):
Cache Control: enable
Owner:
Tag:
Operation timeout (milliseconds): 60000
Schedule:
   Operation frequency (seconds): 60  (not considered if randomly scheduled)

 

A saída mostra RTT total da transação HTTP, tempo de conexão TCP e tempo de resposta do servidor:

MATRIZ#show ip sla statistics
IPSLAs Latest Operation Statistics

IPSLA operation id: 100
        Latest RTT: 819 milliseconds
Latest operation start time: 19:12:31 UTC Sat May 10 2025
Latest operation return code: OK
Latest DNS RTT: 0 ms
Latest TCP Connection RTT: 27 ms
Latest HTTP Transaction RTT: 792 ms
Number of successes: 1
Number of failures: 0
Operation time to live: Forever

 Com isso, é possível monitorar a qualidade da aplicação e não apenas da rede.


Laboratório 3 – Failover de Rota Estática com IP SLA + Track

Após vários testes de IP SLA, você está pronto para colocá-lo em produção para implementar a redundância testada no ServerWeb.

  • Tarefa 1: Criar uma sonda ICMP que seja executada a cada 5 segundos para a conexão g0/0.
  • Tarefa 2: Criar um Object Track (objeto de rastreamento) que rastreia a reachability (acessibilidade) da sonda IP SLA que você acabou de criar.
  • Tarefa 3: Remover todas as rotas estáticas configuradas na Matriz:
    • 1 - A rota primária g0/0 deve usar a distância administrativa padrão e usar o Object Track
    • 2 - A rota secundária g0/1 deve ter uma distância administrativa maior e não usar o Object Track.
MATRIZ# conf t
MATRIZ(config)#ip sla 10
MATRIZ(config-ip-sla)#icmp-echo 10.3.1.1 source-interface g0/0
MATRIZ(config-ip-sla-echo)#frequency 5
MATRIZ(config-ip-sla-echo)#exit
MATRIZ(config)#ip sla schedule 10 start-time now life forever
MATRIZ(config)#

MATRIZ(config)#track 1 ip sla 10 reachability
MATRIZ(config-track)#exit

 

O Object Track 1 monitora a resposta da sonda IP SLA 10.

Roteamento Estático, remover rotas:

MATRIZ#show ip route
...
S     192.168.1.0/24 [1/0] via 10.3.1.5
                     [1/0] via 10.3.1.1

 

MATRIZ# conf t
MATRIZ(config)#no ip route 192.168.1.0 255.255.255.0 10.3.1.1
MATRIZ(config)#no ip route 192.168.1.0 255.255.255.0 10.3.1.5

 

Nova configuração:

MATRIZ(config)#ip route 192.168.1.0 255.255.255.0 10.3.1.1 track 1
MATRIZ(config)#ip route 192.168.1.0 255.255.255.0 10.3.1.5 5     

 

A rota primária (via G0/0) depende do track. A secundária (via G0/1) tem distância administrativa maior (5), sendo usada apenas em caso de falha.

MATRIZ(config)#do show ip route

Gateway of last resort is not set

      10.0.0.0/8 is variably subnetted, 4 subnets, 2 masks
C        10.3.1.0/30 is directly connected, GigabitEthernet0/0
L        10.3.1.2/32 is directly connected, GigabitEthernet0/0
C        10.3.1.4/30 is directly connected, GigabitEthernet0/1
L        10.3.1.6/32 is directly connected, GigabitEthernet0/1
S     192.168.1.0/24 [1/0] via 10.3.1.1

 

Em ISP-1, realizamos uma falha na interface g0/0 que está conectada diretamente no roteador Matriz:

ISP-1#conf t
ISP-1(config)#int g0/0
ISP-1(config-if)#shutdown

 

No roteador Matriz, recebe uma notificação:

MATRIZ# *May 10 20:23:57.516: %TRACK-6-STATE: 1 ip sla 10 reachability Up -> Down

 


E muda a rota para:

MATRIZ# show ip route

S     192.168.1.0/24 [5/0] via 10.3.1.5

 

Novamente em ISP-1, ativamos a interface g0/0:

ISP-1(config-if)#no shutdown

 

Em Matriz, o roteador detecta:

MATRIZ# *May 10 20:27:22.518: %TRACK-6-STATE: 1 ip sla 10 reachability Down -> Up

E a rota retorna ao caminho principal.

 

MATRIZ#show ip route

S     192.168.1.0/24 [1/0] via 10.3.1.1

 

Conclusão:

O IP SLA é uma poderosa ferramenta de diagnóstico e automação em redes Cisco. Ele permite decisões inteligentes com base na qualidade real do caminho, tornando a rede mais resiliente e adaptável.

Neste artigo, mostramos como:

  • Monitorar múltiplos caminhos com ICMP Echo
  • Verificar disponibilidade de aplicações específicas como HTTP
  • Integrar IP SLA com tracking e rotas estáticas para criar soluções de failover dinâmicas


Referência:

Este artigo foi baseado nos laboratórios demonstrados por Jeremy Cioara, instrutor da CBT Nuggets, no curso CCNP Enterprise.

Comentários
pablohierro
Community Member

Muito interessante seu trabalho, querido Assis. Podemos negociar sobre a implementação dessa framework? 

Assis Teixeira
Spotlight
Spotlight

@pablohierro obrigado pelo elogio, no caso, essa ferramenta é própria da cisco e já integrada nos IOS, não precisa realizar instalação.

pablohierro
Community Member
Interessante. E na infraestrutura do Windows, como funciona Assis?
Assis Teixeira
Spotlight
Spotlight

Esse recurso é exclusivo nos dispositivos Cisco, no Windows não conheço ferramenta nativa que monitoraria as aplicações, sugiro uma pesquisa por sistemas de terceiros. Espero ter ajudado. 

pablohierro
Community Member
mas a framework da Cisco que opera em SLA nao integra com o Windows alem do
IOS... fiquei pensando
Assis Teixeira
Spotlight
Spotlight

A proposta do IP SLA é ser um sensor dentro da infraestrutura Cisco, não um software multi-plataforma.
o IP SLA é uma funcionalidade do IOS da Cisco, focada no monitoramento ativo da Rede, e não tem como objetivo se integrar diretamente com sistemas operacionais como o Windows. Ele gera métricas como latência, jitter e perda de pacotes que podem ser coletadas por ferramentas de monitoramento compatíveis com SNMP, muitas das quais rodam em Linux, Windows ou mesmo na nuvem

Primeiros Passos

Encontre respostas, faça perguntas e conecte-se com nossa comunidade de especialistas da Cisco de todo o mundo.

Estamos felizes por você estar aqui! Participe de conversas e conecte-se com sua comunidade.