CLI, que significa Command-Line Interface (ou “Interface de Linha de Comando”), desempenha um papel fundamental na interação entre os usuários e os computadores. Vamos explorar o que é e por que é importante:
O que é CLI?
A CLI é uma forma de interação com o computador por meio de comandos de texto. Ela não possui elementos visuais como janelas ou botões, mas sim telas pretas com texto.
Os usuários digitam comandos específicos no teclado e pressionam “Enter” para executá-los. Um programa interpretador processa esses comandos e realiza ações.
Diferentes programas e bibliotecas oferecem suas próprias CLIs com comandos específicos.
Para que servem as CLIs?
As CLIs são essenciais para profissionais de tecnologia, como desenvolvedores, administradores de sistemas, engenheiros de rede e analistas de dados.
Elas permitem flexibilidade e eficiência no gerenciamento de sistemas computacionais.
Por exemplo, ferramentas de versionamento de código, serviços em nuvem e gerenciadores de versões têm suas próprias CLIs.
A maioria dos dispositivos Cisco (incluindo roteadores e switches) possui uma CLI (Command Line Interface) através da qual podemos aplicar as configurações. A CLI é uma interface baseada em texto. Nela podemos digitar comandos de configuração e usar os comandos show para visualizar as configurações aplicadas. Também existem interfaces gráficas (GUIs, Graphical User Interfaces) para roteadores e switches, mas a maior parte do trabalho é feita através da CLI.
Isso pode parecer coisa antiga, mas com tantos comandos disponíveis para uso, é muito mais fácil trabalhar com a CLI do que com qualquer uma das interfaces gráficas existentes. Além disso, copiar configurações inteiras de um dispositivo para outro é muito mais fácil através da linha de comando.
Vamos entender como podemos acessar a CLI.
Acesso à CLI
Antes de inserir qualquer comando, você precisa acessar a CLI. Temos três opções para fazer isso:
Console é uma porta física no dispositivo que permite acesso à CLI. Geralmente usamos essa porta para o primeiro acesso ao dispositivo. Telnet e SSH são duas opções para acesso remoto.
Cabo Console No dispositivo você encontrará uma ou duas portas Console. Dê uma olhada na imagem abaixo:

Temos um roteador Cisco 1921 com diversas portas. Observe que há uma porta Console RJ-45 e outra porta Console USB Tipo B, ambas identificadas pela cor azul-clara. Os dispositivos mais antigos possuem somente a porta RJ-45; os mais recentes costumam vir com as duas opções. Mesmo sendo uma conexão com RJ-45, não se trata de uma porta Ethernet. A outra ponta do cabo é uma conexão serial:
Esse cabo é chamado de “cabo Console”. Para se conectar ao dispositivo Cisco através dele, seu computador terá que possuir uma porta serial. Os computadores e notebooks mais modernos não vêm com essa porta, de modo que é bem provável que você precise de um adaptador serial-USB como este:
Esse adaptador emula uma interface serial através de uma conexão USB. Você deverá conectar a ponta serial do adaptador na ponta serial do cabo Console, e a ponta USB em uma das entradas USB do seu computador. Uma vez conectado, você estará com a conexão física necessária para acessar a CLI. O próximo passo é iniciar um emulador de terminal.
Emulador de Terminal Existem diversos sistemas emuladores de terminal. Se você é novo nisso, o melhor para começar é o PuTTY. Ele é gratuito e permite que você se conecte ao dispositivo Cisco via Console, Telnet ou SSH. Outra opção muito boa e com recursos mais avançados é o SecureCRT, muito usado pelos engenheiros de rede. Com o PuTTY instalado e iniciado, você verá a seguinte tela:

Certifique-se de selecionar a opção Serial. A velocidade padrão é 9600 (taxa de transmissão, baud rate). A linha serial vai depender da porta usada em seu computador. Se você possuir uma porta serial e preferir usá-la, é provável que seja COM1.
Usando um adaptador serial-USB, esse número pode variar. Para ter certeza, verifique o gerenciador de dispositivos do Windows.
Clique Win+R e digite devmgmt.msc:
A janela do gerenciador de dispositivos será exibida:

Observe que, neste computador, a linha serial é a porta COM4. Insira a COM correta no PuTTY e clique em Open. Feito isso, você pode ligar o seu dispositivo Cisco e acompanhar o processo de boot através da CLI.
Primeiro Boot
Vamos usar um switch como exemplo a partir de agora, mas tenha em mente que a dinâmica é semelhante em um roteador.
Assim que o switch iniciar, ele “cuspirá” algumas informações no console (também chamamos a telinha preta do PuTTY de “console”). Em primeiro lugar, o switch iniciará a memória flash:

O switch inicia a memória flash em primeiro lugar porque é nela onde fica armazenado o arquivo IOS (sistema operacional) do switch. O próximo passo é executar o IOS na memória RAM:

O arquivo IOS é compactado, por isso o switch precisa descompactá-lo e em seguida executá-lo na memória RAM. Algumas informações legais sobre o switch serão exibidas:

Podemos ver a versão do IOS. Agora em funcionamento, ele inicia o sistema de arquivos da memória flash (flashfs, flash file system).

Feito isso, o IOS dá início a uma série de POSTs (Power on Self Tests) para verificar alguns componentes do switch:

Em seguida podemos ver alguns avisos sobre os recursos criptográficos:

Você pode estar se perguntando o que um switch tem a ver com criptografia. Dependendo do IOS, o switch pode executar um servidor SSH para permitir acesso remoto criptografado. Outro recurso que usa criptografia é o SNMP versão 3. Em certos países a criptografia é proibida ou limitada.
A parte final do processo de boot nos fornece algumas informações gerais sobre o switch:

Podemos ver acima o modelo do switch, as interfaces que ele possui, alguns serial numbers etc. O processo encerra com a seguinte mensagem:

Agora podemos iniciar a configuração do switch. Se o switch ainda não possuir nenhuma configuração, ele exibirá a seguinte mensagem:

Se não houver nenhuma configuração armazenada, o switch dará a você a opção de seguir um wizard (assistente de configuração) chamado initial configuration dialog. Neste caso, digite no e pressione Enter para continuar, já que vamos configurar o switch do zero usando os comandos